A inauguração do primeiro hospital público de Cuidados Paliativos do Brasil, na última sexta-feira (31), representa um marco significativo para a saúde pública. Nesse contexto, é essencial destacar o papel fundamental dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais no atendimento a pacientes com doenças graves. Esses profissionais contribuem diretamente para o alívio dos sintomas, o controle da dor e a melhoria da qualidade de vida, tanto dos pacientes quanto de seus familiares, reforçando a importância de uma abordagem multidisciplinar no cuidado paliativo.
O reconhecimento dos Cuidados Paliativos na Fisioterapia tem sido uma conquista gradual. De acordo com a Dra. Camila Reinbold, Coordenadora da Câmara Técnica de Oncologia e Cuidados Paliativos do CREFITO-7, em 2020, um grupo de trabalho com representantes de vários CREFITOs, propôs ao Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) a inclusão da área como especialidade, o que foi oficializado, através da resolução Nº 539, de 27 de setembro de 2021, como uma atuação transversal. Desde então, fisioterapeutas vêm ampliando suas competências para oferecer assistência qualificada, focada no conforto e na dignidade do paciente e familiar.
A atuação dos fisioteraputas nos Cuidados Paliativos vai além do tratamento convencional, englobando técnicas que promovem o alívio da dor, a reabilitação funcional e a adaptação do paciente às suas novas condições. “Nosso papel é proporcionar conforto e autonomia, reduzindo o impacto das limitações físicas e melhorando a qualidade de vida do paciente até o fim da sua jornada”, destaca Dra. Camila Reinbold.
A Dra. Cibele Nascimento dos Santos, Coordenadora da Câmara Técnica de Terapia Ocupacional no Contexto Hospitalar e Cuidados Paliativos, enfatiza que a atuação do terapeuta ocupacional no cuidado paliativo visa auxiliar o paciente e seu cuidador a lidar com as dificuldades enfrentadas durante o processo de adoecimento, buscando proporcionar algum controle dos sintomas, conforto, dignidade e qualidade de vida, tanto em ambientes hospitalares quanto no domicílio.
Além disso, visa promover a continuidade e autonomia nas ocupações possíveis do paciente, contribuindo para a manutenção de suas funções cognitivas, sociais e emocionais. “Dessa forma, os terapeutas ocupacionais são profissionais qualificados e essenciais nesse processo. Mais do que recuperar funções, trabalhamos para preservar a identidade do paciente e garantir que ele tenha participação mais ativa no seu dia a dia”, explica Dra. Cibele Santos
Cuidados Paliativos
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os Cuidados Paliativos consistem em um conjunto de ações voltadas para a melhora da qualidade de vida de pacientes e familiares, prevenindo e aliviando o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual. A participação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais nesse processo é indispensável para garantir um atendimento humanizado, respeitando a individualidade e as necessidades de cada paciente.
Primeiro hospital público de Cuidados Paliativos
A inauguração do Hospital Estadual Mont Serrat – Cuidados Paliativos marcou a instalação da unidade em um prédio histórico de 1853, localizado na Cidade Baixa de Salvador.
De acordo com a Secretaria de Saúde do estado da Bahia (Sesab), este hospital pioneiro prioriza a qualidade de vida de pacientes com doenças graves, crônicas ou ameaçadoras da vida, em consonância com a recente implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos pelo Ministério da Saúde. Lançada em maio de 2024, essa política visa oferecer serviços de saúde mais humanizados a pacientes, familiares e cuidadores, com um investimento anual de R$ 887 milhões para habilitar 1,3 mil equipes.
O investimento total de R$ 66 milhões possibilitou a requalificação do espaço, que agora conta com 70 leitos, ambulatórios especializados, serviços de bioimagem, laboratório e áreas dedicadas à telemedicina e pesquisa.
O hospital oferecerá atendimento integral a mais de 2 mil pacientes por mês, incluindo consultas em especialidades como cardiologia, pneumologia, psiquiatria, nutrologia e neurologia, bem como unidades específicas para terapia da dor e apoio ao luto. Com uma abordagem multidisciplinar, o equipamento também atuará como centro de ensino e pesquisa, capacitando profissionais de saúde para atuar na área de cuidados paliativos.