O dia 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, marca a mudança no modelo de atenção em Saúde Mental no Brasil, propondo o fechamento dos hospitais psiquiátricos e criação de serviços abertos, comunitários e territorializados.
Neste momento de pandemia, causada pela COVID-19, observa-se o aumento crescente de problemas de saúde mental na população, paralelo à expansão das políticas de austeridade, desconstrução do SUS e perda diretos trabalhistas. Com esta preocupação, a Câmara Técnica de Saúde Mental do CREFITO-7 traz uma reflexão.
A Terapia Ocupacional compreende que as relações dos sujeitos e seus fazeres ocorrem no território de vida onde habitam, se comunicam, trabalham, se divertem. Lugar onde estabelecem suas relações de troca, onde constroem, reconstroem e mantêm suas relações sociais. Assim, os fazeres decorrentes das interações entre as pessoas e seus contextos de vida vão se inscrevendo em seus territórios, lugares de vida. É no território de vida, em seus itinerários, que os sujeitos constroem suas possibilidades de produção material, subjetiva, cultural.
Diante da pandemia, causada pelo novo coronavírus, há uma exigência que o sujeito possa lidar com a situação de risco iminente de contaminação pela Covid-19, sendo necessária a inserção de uma série de estratégias na rotina com o objetivo de prevenir a contaminação individual e coletiva. O distanciamento social; a adoção de rituais de higienização e desinfecção, como medidas antissépticas; a mudança nos processos de trabalho; a forma de acessar os serviços considerados essenciais; a suspensão temporária daqueles considerados não essenciais; para além da desconstrução de políticas de saúde e sociais, promoção de desigualdade e concentração de riquezas, dentre tantas outras situações, são exemplos da interferência direta no cotidiano e nos lugares de vida dos sujeitos.
A pandemia causada pela COVID-19 vem desencadeando um processo de ruptura com o cotidiano dos sujeitos, alterando profundamente as relações sociais, a relação do sujeito com seus fazeres e seus lugares de vida. Caminhando junto à pandemia, vemos o desmonte do SUS e implementação de uma política desumana que defende o retorno do manicômio e interfere diretamente na qualidade da produção de cuidado em Saúde Mental.
Assim, poderíamos considerar que o grande desafio, nesse contexto, é possibilitar ao sujeito acessar e construir novos modos de viver a vida, aumentando as oportunidades de trocas, afetos, sem perder de vista o distanciamento social e demais estratégias necessárias à prevenção, refletindo seu papel no cenário sócio-político-econômico atual.