Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

RODA DE CONVERSA DA TERAPIA OCUPACIONAL REACENDE REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA PARA O EMPODERAMENTO DO INDIVÍDUO

Sob o tema “Honrando as Guardiãs da Memória: Encruzilhadas da Terapia Ocupacional e da População Negra”, vozes se encontraram em um espaço de reflexão e partilha, unindo profissionais, professores e estudantes de Terapia Ocupacional. O diálogo fluiu, explorando o poder transformador da memória na construção de novas narrativas e celebrando, em especial, a valiosa contribuição das mulheres negras na preservação e ressignificação das histórias de vida de suas comunidades. Um momento de conexão, aprendizado e celebração das lutas que moldam e fortalecem o presente.

Durante o evento realizado na tarde desta segunda-feira (10), na sede do CREFITO-7, a Terapia Ocupacional foi destacada como uma prática que adota uma visão ampla, ao considerar o sujeito em seu contexto diário, com a memória como elemento fundamental na construção de sua identidade. Nesse contexto, os profissionais da área desempenham um papel essencial no processo de ressignificação das histórias de vida, estimulando a reflexão e a recuperação de memórias significativas.

A conversa reforçou como a memória, longe de ser algo estático, é uma força dinâmica, capaz de moldar o presente e projetar o futuro. Um exemplo inspirador foi a participação de Dona Elza Nascimento, poetisa e escritora, que compartilhou parte de suas histórias de vida e mostrou como as transformou em poderosas narrativas por meio da escrita. “Gosto de registrar tudo o que vivi para que outras pessoas também acreditem que é possível transformar suas realidades”, afirmou Dona Elza, emocionando os presentes.

O encontro destacou, de forma sensível e enriquecedora, o potencial transformador de cada indivíduo, celebrando as lutas e conquistas das comunidades. As trocas de experiências entre os palestrantes evidenciaram a escrita como um poderoso instrumento de autopercepção e reconstrução das memórias, ressaltando a importância de superar adversidades e reconhecer as conquistas acumuladas ao longo da trajetória.

A atriz Kátia Letícia, mestre em Artes Cênicas e pesquisadora das referências estéticas africanas, compartilhou detalhes de seu projeto “Narrativas Subterrâneas”. Durante sua fala, ela destacou que a memória não é algo estático ou distante, mas sim uma vivência presente e vibrante, manifestada nas ações e práticas do cotidiano.

A professora Marlete Oliveira, coordenadora da Câmara Técnica de Terapia Ocupacional nos Contextos Sociais do CREFITO-7, mestre em Psicologia Social e doutoranda em Terapia Ocupacional, destacou a importância de resgatar as vivências das gerações anteriores, exemplificando com as histórias de memória de sua avó. Ela enfatizou que a memória é uma ferramenta poderosa de resistência e fortalecimento, capaz de criar conexões entre o passado e o presente, enquanto ilumina os caminhos para o futuro.

O evento deixou claro que a Terapia Ocupacional, ao tratar da memória e da identidade, deve estar atenta às particularidades de cada história, reconhecendo o valor das experiências individuais e coletivas. A partir de estímulos no cotidiano, é possível acessar e reviver memórias que não só fortalecem o sujeito, mas também potencializam a luta e o desenvolvimento das comunidades, criando novas possibilidades e abrindo caminhos para um futuro mais justo e consciente de seu passado.

A conselheira do CREFITO-7, Dra. Joice Paixão, reforçou como é fundamental dar voz à força dessas mulheres negras, que têm tanto a oferecer para inspirar outras. “Proporcionar aos alunos de Terapia Ocupacional momentos como esse é mais valioso do que horas de leitura. Vivenciar, sentir e se emocionar os preenche de novas ideias e possibilidades, ampliando suas perspectivas para uma prática da Terapia Ocupacional mais rica e transformadora”, enfatizou.

Ao final do evento, a vice-presidente do CREFITO-7, Dra. Suely Galvão, fez uma reflexão importante sobre o empoderamento e a valorização das percepções, ressaltando como esses elementos são fundamentais para a Terapia Ocupacional, especialmente no contexto do cotidiano das pessoas. Ela destacou que a profissão vai além das intervenções técnicas, envolvendo a construção de autonomia e a ampliação da consciência de si e do outro.

Dra. Suely agradeceu e parabenizou a todos os envolvidos pela excelente iniciativa, que proporcionou um espaço rico de troca de ideias, experiências e reflexões sobre temas tão relevantes e transformadores. Ela também afirmou que momentos como esse são essenciais para o fortalecimento da prática da Terapia Ocupacional e para a promoção de um futuro mais inclusivo e consciente.

Para encerrar, a professora Marlete destacou com entusiasmo: “Ainda que a necropolícia opere em nossos cotidianos, produzimos agência e podemos ir além. Juntas vamos enfrentar todas as barreiras provando que nada é impossível quando acreditamos em nosso potencial”.

O evento foi realizado pela Câmara Técnica de Terapia Ocupacional nos Contextos Sociais, com o apoio da Câmara Técnica de Terapia Ocupacional na Atenção à Pessoa Idosa.