A Câmara Técnica de Atenção à Saúde do Idoso do CREFITO-7 vem através desta nota de repúdio demonstrar sua perplexidade e indignação em relação à nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde, versão 11 (CID 11).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a partir de 01 de janeiro de 2022, a CID 11 entre em vigor colocando a velhice como um sintoma, sob o código MG2A (old age without mention of psychosis; senescence without mention of psychosis; senile debility).
Entendemos como um retrocesso essa nova classificação da velhice!
São anos de pesquisa e luta para aculturar na população que a velhice é uma das fases do ciclo da vida.
A classificação da velhice como doença, além de paradoxal, vai de encontro ao estabelecido pela própria OMS, que atribuiu a Década do Envelhecimento Saudável o período entre 2020-2030 e à Campanha Global de Combate ao Idadismo.
A CID é uma potente ferramenta epidemiológica do cotidiano médico. Através dela, ocorre a padronização universal das doenças e é possível monitorar a incidência e prevalência das mesmas.
A inclusão da velhice como doença impactará no aumento do ageísmo, e isso pode interferir em pesquisas epidemiológicas, mascarar problemas reais que acometem os idosos e inviabilizar políticas públicas que promovem investimentos específicos para o tratamento destas doenças.
As classes da Fisioterapia e Terapia Ocupacional há anos lutam pela Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), entendendo tratar-se de uma classificação cujo objetivo é descrever a funcionalidade e incapacidade relacionadas à condição de saúde do indivíduo, potencializando suas habilidades e capacidades. Portanto, foge ao entendimento dos especialistas em Gerontologia um instrumento como a CID 11, que considera a velhice como diagnóstico e invalida o entendimento comum, quanto à possibilidade da população dispor de um envelhecimento saudável e ativo.