Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

ESCLEROSE MÚLTIPLA: A DOENÇA DAS MIL FACES

Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais chamam atenção para os sinais da Esclerose Múltipla

No dia 30 de agosto, o Brasil lembra o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A data foi instituída em 2006, pela Lei nº 11.303, para dar mais visibilidade à doença, além de informar a população sobre o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A Fisioterapia e a Terapia Ocupacional trabalham com exercícios planejados e individualizados melhorando a mobilidade, reduzindo a fadiga, potencializando a funcionalidade e favorecendo a participação social.

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica e tem como um dos principais sintomas a fadiga. Essa condição clínica afeta, na maioria das vezes, o adulto jovem. “O paciente está na idade produtiva, na faculdade, no trabalho e algumas vezes pode precisa parar em função das limitações”, destaca o doutor em neurologia/neurociências pela Unifesp, o fisioterapeuta Dr. Nildo Ribeiro, diretor-secretário do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Bahia (CREFITO-7).

Quando os sintomas aparecem nem sempre é fácil fechar um diagnóstico. “No tipo mais comum o paciente tem surtos e remissões e ninguém sabe quando vem os surtos. E o diagnóstico, a depender do local de atendimento, não é imediato. Cada surto pode afetar uma parte do sistema nervoso central. Em um determinado momento pode ter uma alteração visual, no outro perder a força dos membros, pode ter uma incontinência urinária. Por isso a doença das mil faces, porque você não sabe exatamente o que vai acontecer “, explica Nildo Ribeiro.

Tratamento da Fisioterapia

A Fisioterapia, entre outros objetivos, trabalha para prevenir o surgimento de novas incapacidades, diminuir o impacto da fadiga, para que o paciente consiga conviver com maior autonomia, melhorar a capacidade de andar, subir e descer escadas, mas o preconceito ainda é um dos grandes problemas enfrentados pelos pacientes. “É uma doença que leva muita gente à depressão. Pessoas deprimidas, podem diminuir sua interação social, buscarem aposentadoria precoce, diminuírem sua presença nas instituições de ensino, por conta dos sintomas e do estigma da doença. A sociedade, por ser cheia de barreiras para pessoas com incapacidades, colabora para a depressão”, pondera Nildo Ribeiro.

A força da Terapia Ocupacional

Aliada à Fisioterapia, a Terapia Ocupacional (TO) desenvolve um tratamento para reverter a limitação do paciente com EM, quando possível, ou atua para modificar a forma de realização das atividades. “Isso pode incluir desde estratégias simples, como mudança de dominância (da direita para a esquerda e vice-versa), até a indicação de facilitadores de movimento e/ou técnicas para reduzir o gasto energético”, destaca a terapeuta ocupacional Dra. Glícia Bacellar Pedreira, especializada em reabilitação neurológica, mestre e doutora em medicina e saúde pela UFBA.

Na prática, na TO são realizadas adaptações ambientais, como instalação de barras de apoio, adaptações em veículos e, em alguns casos, até prescrição de cadeiras de rodas. “Esta última, por sua vez, nem sempre é simples, pode precisar ser prescrita de acordo com o quadro clínico do paciente e obedecer a medidas corporais específicas para favorecer o desempenho das atividades e evitar agravamentos associados ao uso inadequado da cadeira”, explica Dra. Glícia Pedreira.

O futuro no tratamento

A equipe multidisciplinar é quem garante o tratamento. Para o futuro, Nildo Ribeiro destaca as pesquisas e inclui a meditação, como possibilidade para otimização da vida dos pacientes com EM. “O que a gente tem buscado, inclusive é pauta do grupo de pesquisa NESPIN da UFBA, em parceria com neurologistas, é estudar o efeito da meditação para as pessoas com EM. Se eu tenho uma gestão melhor das emoções, da minha mente, pode-se criar a possibilidade de atenuar um surto, diminuir o impacto dele. E através da meditação também diminuir o impacto da fadiga”, destaca.

Dados

Mais de 2,8 milhões de pessoas vivendo com Esclerose Múltipla em todo o mundo. Isso equivale a 1 em 3.000 pessoas no mundo vivendo com EM. Em países com a prevalência mais alta, até 1 em cada 300 pessoas têm a doença. Os dados mais recentes, divulgados pela Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), apontam que a EM atinge em torno de 30 mil brasileiros.

Na Bahia, como a Esclerose Múltipla não é de notificação obrigatória, a Secretaria da Saúde do Estado diz, em nota, que não dispõe dos dados.